segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O Caçador de Pipas


Um dos sonhos do homem (é)ra poder voar, e mesmo com os aviões e toda sorte de mecanismos para vôo o ser que não tem asas físicas voa por entre as mais diversas possibilidades de poder ser LIVRE. As crianças, outrora, usufruíam a “liberdade” de brincar, sonhar e soltar pipas...Mas tarde vem a fase adulta, ou até mesmo antes, e seus conceitos passa a ser regido e condicionado pela cultura “adultocentrista” do ter, e a sociedade tenta inflamar esta liberdade ingênua dos “pequeninos”. O mais novo totalitarismo mascarado de “expansão da mente humana com a ciência soberbecida” intitulado de globalização e que não “veste uniformes verdes nem vemelho”, tem, sutilmente, roubado esta liberdade de nossas crianças, apresentando para alguns os jogos de vídeo-games e RPG’s digital (taxam isso de “conforto”), para outros roubando a vontade de brincar e ser criança forçando-os a trabalhar e quando não tem trabalho forçando-os a morrer! É assim com os “aviões” do tráfego de drogas (“mais uma ferramenta do sistema” como afirma o cantor e compositor Gabriel “O Pensador” em uma de suas músicas). Por uma “perspectiva” ilusória e por uma ideologia morre muitas crianças todos os dias aqui no Brasil e fora dele, como no filme “O Caçador de Pipas” onde muitos dos filhos de Hassan (o personagem mais comovente do filme) adormece numa cultura distinta em que está trajada de [ultraortoxismo]; “quem mata em nome de Deus torna Deus um assassino!” José Saramago. “Eu faria mil vezes por você” esta é a frase central de toda trama, e não só, ela é mais que uma simples frase é um desafio, um convite à verdadeira liberdade, pois quando se deixa de pensar no EU somente, o mundo se torna mais bonito! Não se prova nada machucando alguém!

Por Rômulo Silva
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Terminei de ler este grande livro e preciso dizer – Estou extasiado. O livro é rico em sensibilidade. A leitura é fácil, clara e emocionante. A história se desenvolve de forma intensa e dramática. Quero compartilhar algumas conclusões:
O livro nos dá uma visão bastante precisa de uma cultura desconhecida para muitos. É realmente dramático ver o que uma guerra estúpida (todas as guerras são) pode causar a um povo. O povo Afegão é um povo que precisa recuperar a beleza, pois como Rubem Alves bem disse em Teologia do Cotidiano – “Não só de pão viverão os homens e as mulheres... Um povo precisa comer beleza pra querer viver. Povo, para existir, há de se sentir bonito.”
Muitos temas são invocados nesta obra – Amor, amizade, Pais e Filhos, caráter, coragem, fé, esperança, beleza perdida (e a esperança de recuperá-la), culpa. É muito difícil comentar um texto tão denso e rico.
“Faria isso mil vezes” – O amor que não desiste, a amizade desinteressada. Numa sociedade que cultua aquilo que é “descartável” (as amizades são descartáveis hoje em dia) é simplesmente maravilhoso ler uma história de dedicação ao outro. Hassan o menino marginalizado que se dedica a Ali por uma simples razão- Amizade. Isto me faz lembrar um texto bíblico que diz - Há amigos mais chegados que um irmão. Hassan foi primeiro o amigo e depois o irmão que marcou para sempre a vida de Ali o menino rico, culpado e cheio de conflitos.
“A vida continua” – A vida é um emaranhado de dramas. Hassan e Ali viveram esta dramaticidade e quando achamos que tudo acabou então “a vida continua”. Isso me dá esperança. A vida não é cíclica (não estou preso a um ciclo vicioso de fracassos e derrotas). A vida é linear e portanto apesar dos dramas vividos agora, a vida continua e tudo poderá ser diferente. Foi diferente para Ali, foi diferente Sohrab e há de ser diferente para você!

Quem já leu O caçador de Pipas leia de novo. Quem ainda não leu, por favor, leia urgentemente.

Por Izaias Rodrigues